2020 está sendo um ano muito estranho. O
mundo inteiro se viu diante da avassaladora pandemia do Coronavírus, que mudou
radicalmente o cotidiano de todos. 2020 também é ano de eleições municipais, em
que os brasileiros saem às urnas para eleger os seus prefeitos e vereadores. Em
MUANÁ, por volta do mês de agosto, o cenário eleitoral estava formado, e com
algumas novidades importantes.
Nas últimas eleições em Muaná, estavam
consolidados três grandes grupos políticos, que disputavam as eleições para
prefeito com chances reais. Algumas vezes apareciam outros candidatos, mas que
sempre corriam por fora e recebiam votações inexpressivas. Pois bem, para
melhor descrever esses grupos é melhor classifica-los por cores e não por partidos. Esses grupos são: o azul,
o amarelo e o vermelho.
O azul foi representado nas ultimas
quatro eleições pelo PMDB (hoje MDB), cuja liderança está com a família Cunha.
Em 2004 e 2008, Raimundo Cunha, o Serrote, venceu as eleições para prefeito por
esse grupo; em 2012, alguém de fora da família Cunha, o então vereador Cidinho
Palmeira, disputou a eleição para prefeito e
terminou em segundo lugar; em 2015, o filho do Serrote, Rogers Cunha,
foi lançado candidato a prefeito pelo grupo, e terminou em terceiro lugar.
O outro grupo é o amarelo. Em 2004, foi
lançado candidato por esse grupo o então vice-prefeito de Muaná, Francisco Magalhães,
conhecido comerciante muanense e um dos homens mais ricos do município, que
concorria pelo PSDB. Magalhães era vice no mandato de Ortência Guimarães,
matriarca da influente família, que terminava seu segundo mandato como
prefeita. Magalhães perdeu a eleição para Serrote, seu cunhado. Em 2008, o
grupo amarelo, agora mais identificado com o PR (atual PL), lançou alguém da própria
família Guimarães, Sérgio Murilo, formado em ciência política e que já havia
sido secretário de educação na gestão de sua mãe. Como vice, Murilo tinha
Arlindo Marques, o impopular presidente da Colónia dos Pescadores. Foi um
fracasso. A chapa terminou em terceiro lugar com pouco mais de 3 mil votos. Em
2012, Murilo fez importantes alianças e ganhou a eleição, fazendo a prefeitura
voltar para a prefeitura voltar para as mãos dos Guimarães depois de 8 anos. Em
2016, vivemos a eleição mais acirrada da história em Muaná, com Murilo
conseguindo a reeleição por nove votos de diferença em relação à segunda
colocada.
O grupo vermelho era o PT, que desde sua
fundação em Muaná era uma força pulsante, mas que não conseguia alcançar o
cargo máximo do município. Em 2004, o grupo apostou no nome de Ataíde Lobato,
conhecido nome da esquerda muanense. Terminou em terceiro lugar. Em 2008, foi
lançada como candidata a professora e então vereadora Iranilda Pimenta, que
conseguiu passar pra trás os Guimarães e terminar em segundo lugar. Em 2012,
mais uma vez é lançado o nome de Irá, tendo como vice o então pároco da
Paróquia São Francisco de Paula, Pe. Mateus; a chapa terminou em terceiro
lugar. Em 2016, o cenário mudou significativamente: Irá saiu do PT e se filiou
ao PRB (hoje Republicanos). Isso foi um baque mais para o PT, que praticamente
morreu em Muaná, deixando de ser um protagonista e se tornando um mero
coadjuvante sem expressão. Nesse ano, Irá perdeu a eleição por nove votos.
Passou raspando.
Feito esse breve retrospecto sobre os três
grupos que dominaram a política muanense até 2016, vamos apresentar o novo
cenário com os candidatos de 2020, pois a configuração mudou e mudou muito. Vamos
apresentar cada chapa:
Biri Magalhães- PSC/20 (coligação com
PT, PROS e PSB. Vice: Aluizio)
A história de Éder (Biri) Magalhães na
política é interessante. Filho ex-vice-prefeito Magalhães, Biri se lançou como
candidato a vereador em 2012 e foi o mais votado daquele pleito, com 1053
votos. Nessa eleição era aliado do grupo do azul, mas como este perdeu, Biri
logo tratou de se aliar ao grupo ganhador, do Murilo. Assim começou a “história
de amor” entre os dois, que resolveu na chapa que disputou a eleição em 2016,
com Biri sendo vice. Com a vitória da chapa, após um ano de governo, deu-se início
à maior crise política da história de Muaná, com o rompimento entre Biri e
Murilo (acabou o amor) e constantes revezamentos entre os dois no cargo de
prefeito. Quando assumia o cargo, Biri formava seu gabinete com pessoas ligadas
ao grupo azul e ao grupo vermelho, conseguindo apoiadores para si.
Em 2020, Biri estava forte
politicamente. Com algumas ações a frente da prefeitura, conquistou a simpatia
de muitos populares. A candidatura era inevitável e foi o que aconteceu. Ele
não estava por nenhum dos tradicionais grupos. Formava uma chapa nova, tendo
como apoiadores principalmente pessoas advindas do vermelho e do azul.
Irá Pimenta- Republicanos/10 (coligação
com PSD e Progressistas. Vice: Bruno do Salmista)
Irá Pimenta está disputando pela quarta
vez a eleição para a prefeitura de Muaná. Seu nome foi o mais forte do PT enquanto
esteve no partido. Quando saiu, deixou o partido sem um nome de expressão. Em
meados de agosto deste ano, foi tornada pública sua aliança com o vereador Bruno
Nunes, o Bruno do Salmista. Essa aliança daria novos rumos para as eleições,
pois com Bruno vieram nomes que até então eram alinhadas com o grupo do Murilo
como Ronny Brabo, Heider Nunes, Marinho Gouvea, Sargento Bentes, etc. Irá, que
antes era vermelha, desde 2016 é verde; que antes era 13, desde 2016 é 10.
Além de trazer para seu lado lideranças
expressivas que eram do lado do Murilo, Irá conta com o apoio de dois dos
maiores empresários de Muaná: Sabá Pimenta, nome importante do ramo do açaí,
imóveis e navegação; e Chamundo Nunes, dono das empresas Salmista, líder em
navegação e importante no comércio.
Rogers Cunha- MDB/15 (coligação com o PL
e DEM. Vice: Isaac Nogueira)
Certamente esta é a chapa mais polêmica
dessas eleições. E porque polêmica? Porque nas eleições passadas os grupos
amarelo e azul travavam verdadeiras batalhas pelo voto, com acusações públicas
e competitividade a flor da pele. E em 2020, eles simplesmente... se aliam, com
direito a Serrote e Murilo entrando quase abraçados na convenção partidária.
O principal motivo para a aliança é que
os dois grupos estavam muito enfraquecidos. O MDB viu muitos apoiadores irem
para o lado do Biri. Murilo viu muitos dos seus migrarem para o lado da Irá.
Além do mais, toda a crise política e as mudanças constantes de prefeito,
somadas ás acusações de corrupção degastaram fortemente a imagem de Murilo. E tem
outra coisa: Rogers não é Serrote. Apesar de ser o filho que Serrote escolheu
para o substituir, Rogers não tem o carisma político, a lábia e a habilidade do
Pai, não consegue se sustentar sozinho. Impossibilitado de se lançar como
candidato, Murilo não tinha um nome forte no seu grupo, tinha apenas nomes
medianos como Isaac, Kewin, Cláudio Jr., Guilherme Cobel. Se os dois grupos
lançassem candidaturas separadas, poderiam perder feio e vergonhosamente. Veio a
aliança. Aliança que deixou muitos boquiabertos. O fato é que a chapa conjunta
ganhou um pouco mais de competitividade e fôlego e DINHEIRO.
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Então, o espectro político partidário
tradicional muanense foi completamente desfigurado, com o surgimento de grupos
novos, dinâmicos, com o intercâmbio de lideranças entre os grupos.
Como dito anteriormente, as candidaturas
que surgiam fora do grupo dos três grandes sempre corriam por fora. Em 2020,
porém, surge uma quarta candidatura que merece atenção.
Vilson Osni- Avante/70 (coligação com
Podemos e Patriotas. Vice: João Bosco)
Natural de Santa Catarina e morador de
Muaná há 13 anos, Vilson veio para nossa cidade com o objetivo de comandar a
Inamarú Alimentos, maior empregadora privada do município. Com uma destacada
administração, conseguiu resultados positivos pela fábrica. Após uma aliança
com João Bosco (que havia se lançado a prefeito na eleição passada), Vilson
decidiu se lançar em uma empreitada nova. Com propostas ousadas, visando
descentralizar a geração de emprego por parte do poder público, Vilson tem
investido pesado na campanha, tanto através do marketing nas redes sociais,
quanto com as visitas pelo interior. Sua chapa tem vários candidatos a
vereador, inclusive contando com o apoio do representante da tradicional família
Pires (do finado Rubens Pires. Será que Vilson consegue um resultado expressivo.
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Essa é a análise do atual cenário político-eleitoral
muanense, sob responsabilidade única do autor do texto. Aberto a comentários...